quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Inenarrável. Minha pessoa inexplicável.

Sinto falta de me entregar pros teus versos. De senti-los me consumindo por dentro e por fora, do seu cheiro apodrecendo meus pudores e de nossa música criando mais uma noite sem fim. Ainda temos a promessa dos amanheceres que vivemos juntos e dos cigarros e viagens que prometemos em algum lugar distante mais ou menos perto de Bruxellas.
Era ótimo pensar que era um lugar comum, esse que escrevíamos, e de repente os beijos de boca sumiram e saíram rolando e escorrendo pelas escadas de um prédio de tijolos qualquer. Sinto falta de me sentir em teus versos com a libido à flor da pele que me obrigava a te ligar de madrugada quando pensava em noites quentes e sempre molhadas.
Quando é que essa saudade de nós acaba? Quando é que o I do teu sobrenome irá parar de assombar meus passos por aqueles corredores.
Você guardou em nós tudo aquilo que o nosso amor prometeu, em gritos sussurrados na alma de um cotidiano remoto. Quando é que tu voltas aparecer por perto, como se brotasse em todos os meus lugares. Sinto saudade do sorriso que acompanhava vagando por lugares comuns e que trazia o incomum para todos o meus momentos.

Quem foste

Existem momentos em que a gente se permite sofrer por motivos que não nos pertencem porque precisamos sofrer um pouquinho pra saber que a gente não precisa de determinadas coisas pra ser feliz. Fez sentido?
No fim, quando o turbilhão passa, ou começa a passar, você descobre que é melhor deixar algumas coisas se perderem, e parar de perder você mesmo. Porque quando acaba, não é o fim. É só um recomeço. E a vida é feitas de ciclos com começos e recomeços, com finais desfinalados e desafinados, mas que ainda assim são finais.
É sobre limites que vos falo, e sobre como descobri-los. E mais que isso, os limites mudam conforme o sentimento, acontece que as vezes os sentimentos insistem em ampliar os seus limites, e por fim, você se perde o suficiente pra sofrer sem saber porque você sofre. Sendo que você não se reconhece nas suas atitudes, você não se reconhece em você.
Sinta a gravidade - ou gravidez - do problema.

Aí depois você aprende onde pisar em você mesmo. E descobre que não vale a pena viver sem motivos justos, ou sem estar ao lado de pessoas inenarráveis.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Desses que não sei

São lugares incrédulos. E assim também são as suas pessoas.
E foi assim que me apaixonei, por alguém, que era dos menos impossíveis. Acontece que perdeu a parte do menos, e duvido que meu amor dê pra tanta impureza.
Claro que não deixo de ser incrédula, impossível e, naturalmente, estranha. Mas nunca me fui triste. Até então, nunca tinha sido. Os venenos e poções nunca me atingiram tanto, mas uma vez falha, e torno-me suscetível aos que pretendem que eu assim o seja.
A falha é essa. Um brinde à maturidade, que me livra dos maiores males e me permite ver e viver os sentimentos que preciso pra que eu deixe ir embora. Para que eu deixe se perder, e que eu me permita abrir mão dessa tristeza.
Me perdi em confusões desleais, a maior parte delas provocadas por mim mesma. E no final do dia, eu só queria alguma certeza, seja ela qual for e de quaisquer sentimentos que ela venha acompanhada, mas uma certeza. Um ponto que não fosse reticente...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre amores impuros

Afora toda a dor, os grandes amores têm um grande problema quando acabam - ou se deixam terminar. São os resquícios de sentimento que eles espalham pela vida dos, até então, amantes; e que vão produzir os amores impuros.
São aqueles sentimentos que te parecem muito nobres e promissores, mas que na prática são frustrados. É dessas sensações que a gente tem quando tudo vai muito bem, mas você nunca está suficientemente envolvido, empolgado ou satisfeito. E esse amor nasce dos cacos de um amor melhor, mais nobre, envolvido por toda uma atmosfera de decepção e de torpor.
Será que vale a pena dedicar esse amor a alguém, que em breve vai fazer o mesmo que fizeram a ti com essa pessoa? Seja pela mentira, pela diferença, pela desconfiança ou pela falta de um amor puro o suficiente pra resgatar qualquer alma dos lugares comuns?
Posto que findo, e quebrado é irrevogável a essência que assola meus amores futuros, mas será que é justo, ou honesto amar neste amor medíocre?