domingo, 11 de outubro de 2009

Lamento

Apesar de ser erroneamente irrevogável, jamais ousaria dizer que me arrependi de todos os suores.
Eu sinto os ventos e rangidos do vinnil. Pena que foste, enfim, para as masmorras de nossa edificação. de nossa toda e tanta construção.
Deixei de resmungar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Solta

Encontrei os meus caminhos, já os perdi também.
Ultimamente tenho encontratado tantos que tenho desejado desistir dos demais. São esses motivos [nem tão] repentinos.
Sabe, e eu não escondo de ninguém, que te encontrei perdido dentro de mim. Ai se suicido de desejo e saudade. Ou se lhe homicido, é dos mesmos males.
Queria a certeza de sê-lo comigo e sempre. Só pelo gosto de não arder de paixão toda vez que me olha de longe indo embora, com os olhos calmos cuja certeza do regresso é estampada; com o sorriso de canto de boca, que quando acompanha os dentes sobre os lábios me infarta incontáveis e todas as vezes.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

De ontem

livrou-se daquele desespero silenciado.
deu um olhar de lado, sorriu o canto da boca e continuou sua trilha como antes fizera.
pensei desequilibrar-se em suas passadas, mas me iludiu o meu encanto. era nada menos que todo o seu mistério, em sua atmosfera desordenada e estritamente organizada em suas meticulosidades.
que olhe o quanto quiser, ela(U) será SEMPRE irrogavelmente minha, muito antes de quando pensou que fosse tua, meu senhor.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Tosse

O corpo clama saúde.
Noites de delírios em febres ferventes. Sonhou com aquele do pulo, o outro da dança, com o mesmo denovo. Disse adeus, ao do carro.
Criou uma nova expectativa. Tem lido muitos livros infinitos e desejado histórias impossíveis. Tem acreditado na literatura, essa é a verdade.
Ela tem saudade de quando conseguia dirigir por mais de 20 minutos sem sentir-se tonta, sem o ar lhe escapar dos pulmões. Tem saudade mais ainda dos seus versos diversos e inversos. Tem saudade desse tempo que tinha pra sentir suas impressões e expressões, fazend0-as em texto.
Faz um tempo que não visita a cara de seus professores e já não sabe qual o número de trabalhos que lhe restaram pra fazer.

Ela sobreviverá,... eu acho. Mas,... por quanto tempo.
Se aquele dos sorrisos ainda fosse o mesmo... Se fosse.
Veio de muleta o dos trocadilhos, e sumiu o das tatuagens. Tem sido um maremoto a vida dessa menina, dê-lhe um tornado de uma vez.

domingo, 12 de julho de 2009

O último amanhecer

Me apaixonou como um raio e trouxe toda a luz que faltava pro meu caminho. Em algum lugar mais ou menos carioca clama meu nome, meus lábios e meus passos.
Se não fosse tão longe, correria ao teu encontro, não sabia?
Mas a vida engana os trouxas e a paixão vem de mãos dadas com a loucura. É por isso que julgo possível ou julgaria que o fosse, antes de seus últimos suspiros junto às letras.
Inesperado, como sempre. Apareceu assim, numa noite pouco alcoolizada em um lugar qualquer suficientemente longe dos meus problemas. Foi assim também.
Me deu uma das melhores tardes e cedeu-me seus melhores olhares. Desses de lado, tímidos. Meu pesar indica um único desespero: quando é que te encontro denovo?
Ai, seriam perdidos meus clamores mas, de algum jeito, teu coração me escuta.
Por que não te tornas um louco, e visites essa angústia que me cobre o rosto?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O meu repente

Cheios de virilidade. Eram assim que todos costumavam me aparecer. Mal sabiam eles que meus sorrisos vinham dos versos daquele outro. E tão viril, como sempre.
Ah, lembro do gosto do vinil rangendo uma faixa vazia. Tinha seu gosto e seus dedos nisso tudo. Pra variar, chovia. Sempre chovia, já reparou?
Mas enfim, eram vários. A graça foi que desvencilhou-se, enfim, no fim do meu final. Ah, você sabia bem, e qual seria a graça de ter meus abraços e sorrisos só pra ti? E os olhares, depois de tantas lutas pela conquista, o prêmio era o seguinte: ser desejado, e ser o único desejado.
Funcionou por alguns dias, mas as unhas vermelhas não eram um privilégio só teu, muito menos as cartas. Foste de muitas, fui de muitos. O engraçado disso tudo? Estamos no mesmo lugar de antes: nos versos.
Ah,... pelo menos não desassossega mais minh'alma. Deixaste em paz meus sonho, levaste embora meu desespero...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sobre a paz

Me arranca sorrisos de lado.
Esse efeito é tão peculiar.
Esperei teu carro naquela esquina ontem. É uma pena que justo ontem, tenhas desistido.
Há quanto tempo foi aquele tempo?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pro bem

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos
Traduzidos em palavras
Prá que você possa entender
O que eu também não entendo...
...
Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém
É por você que fecho os olhos
...
Agora o que vamos fazer
Eu também não sei
Afinal, será que amar
É mesmo tudo?

A verdade é que eu já comecei a escrever essa carta incontáveis vezes. Só que ela nunca fe tanto sentido, como faz agora. Todo esse desespero e angústia, essa alma aprisionada enfim, quer me provar alguma coisa. No mínimo que meu orgulho não é tão absurdo assim, e que meu coração enfim, tem uma saída.
Eu já não sei mais quem costumava ser. Prendi-me em algumas crenças inacreditáveis e quando vi, por fim, despencaram meus postulados: já não sabia mais onde pisar.
Amei como ninguém jamais o fez. Isso porque em algum (in)consciente eu sabia que nunca estarias e que nunca te terias comigo. Essa foi a minha maior loucura de amor. Amei sabendo que era nada menos que chama que se apaga mas deixa a fumaça de lembrança.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Prostitutas e amantes

Confesso que depois perdi o prumo. Eu era contra esses momentos em que se paga por sexo. Isso porque acreditava que era inviável gostar de alguém que se vende assim, até o dia que me apaixonei por aquela vagabunda. Sabia que nunca seria digna de meus olhares, presentes e ardores mas suportaria qualquer desfeita por mais uma noite com ela.
Seu vestido rasgado me seduzia quando ela fechava a porta daquele muquifo. Me fazia de homem indiferente, mas a buscava sempre naquele beco. Por vezes cheguei atrasado e ela já tinha se recolhido para outros homens e variados cantos, comôdos. Esses dias eram os mais frustantes.
Queria ceder-lhe minha vida, e arrancar aquela do anel para colocá-la em seu lugar, mas a minha pequenina de olhos mel me impedia de alguma forma. Era uns anos mais nova que meus cabelos quase grisalhos, mas para a profissão era bem mais velha que a média. Não tinha beleza estupenda, mas agradava meu corpo.
Ela não tinha nada de absurdo, mas sentia falta do seu cheiro de cigarro barato, de seu perfume francês falsificado (que havia perdido a validade) e até mesmo do suor seco que delatava suas experiências antes de extraí-la para a cama paga.
De um dia pro outro sumiu, fiquei à míngua e perdi toda a minha dissimulação. Soube meses mais tarde que havia engravidado, e que ninguém sabia do pai. Sabe, acho que aquela noite sem pudores deve tê-la enlouquecido. Ah! Se ela soubesse que eu me entregaria aos seus despudores.
Modou-se, e desde então sou o mesmo medíocre de todos os dias.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre mim:

Vêm em pilhas, aos montes.Meus segredos são assim, solenes. Guardam-se, por bem ou por mal nas peculiaridades de cada sorriso. A chave de dizê-los está nos olhos: o sorriso da alma.Guardei so meus sorrisos para a posteridade. Guardei meus sentimentos para os próximos anos. Me guardei o suficiente para desaprender os meus próprios sorrisos.Protegem, assim, meus segredos. Sempre tão íntimos e ínfimos, conseguem dizer-me como ninguém. Sabem como me tirar a sanidade e encontrar em mim a loucura.Ah!... aqueles tantos sorrisos que coleciono pelas ruas. Guardei um diferente um dia desses, era peculiar, não tinha dentes, mas os olhos brilhavam como marfim.Tem gente que coleciona figurinhas, outros mais românticos, papel de carta. Eu coleciono sorrisos, e por isso tenho colecionado almas e essências. Ah, são meus tantos sorriso de soslaio, abertos, tímidos e entregues. Seriam ele tão difíceis de dizer? E as palavras tão plenas que não os conseguem encontrar?Me apaixonei por sorrisos. É, enfim, tempo de contar-lhes sobre os meus segredos...Sejes sorrisos.

domingo, 7 de junho de 2009

Para os anos

Ela nunca mais brincou de roda. Fez das suas tranças um rabo alto e bem apertado, aposentou os vestido soltinho e coloridos, aderiu a moda do salto alto. Os seus todos elásticos já não lhe prendiam mais os cabelos e nem serviam mais pra seus tantos pulos, ela já não usava esmaltes claros e nem suas bolsas de pelúcia.
Tornava-se, enfim, uma mulher que não distinguia mais os sentimentos, havia tempo que perdera sua purpurina de criança. Valia-se de batons vermelhos e maquiagem fortes. Tinha vários sorrisos, todos maliciosos. Sua alma desaprendera, enfim, como sorrir e seus olhos marcavam toda a sensualidade daquela mulher.
Nunca consegui me apaixonar por ela, apesar da magnitude e dos feitios. Ela não tinha aquilo tudo que me era fundamental, por fim, não me seduzia. Tirava-me o sossego e eu perguntava pra onde tinha ido o vendaval de emoções que ele costumava ter. Ah, nunca mais ela foi a mesma.
Quando beirava os vinte anos tinha todos os brilhos e tornava-se, indiscutivelmente, o centro das atenções. Rendeu-se ao trabalho e as obrigações depois daquela noite mal velada. Eu segui minha vida, até rápido demais: encontrei outras, busquei novos motivos e versos, continuei, mas sem nunca perdê-la de vista. Sabe, eu gostava de olhá-la, e por isso que sei que ela foi perdendo as pequenas alegrias e paixões.
Sabe-se lá quando rompeu de vez esses elos todos, mas não acredito que ela tenha se perdido tanto de si mesma. Tão vil, tão mulher, e sempre resplandecente. Mas hoje é sem aquilo que lhe era fundamental: os seus tantos momentos espontâneos que faziam dela a única que me ocupava o pensamento.

terça-feira, 2 de junho de 2009

I don't wanna be the reason why (8)

É assim. A gente põe o salto, o vestido. Se prende como uma marionete nas mãos de alguém que titubeia os próprios passos. Os grande problemas começam junto com a rotação da cabeça. Num misto de todos os movimentos latitudidinais e altitudinais eu já não sei de onde saí.
Enfim, cerra-se os olhos e os cabelos lhe combrem toda a face. Dê umas reviravoltas e mostra teu rosto, teus traços. És tão sensual quanto suas batidas.
Aquela música não lhe sai da cabeça e só se vale de sua cordas, de seus maniPULOS. Está, como ninguém, presa aos seus próprios destinos.
Finge que canta, que dança, que interpreta. Finge que não se importa que não quer. O suor escorre pelo colo e enxarca a blusa de algodão que se vale. Ao fim da ópera, a própria serenata lhe é familiar, não te esqueces dos versos, e se apaixona pelo próprio cheiro, movimento e gosto dos caminhares.
Ele, enfim, lhe é familiar.
Qual era música mesmo? I don't wanna dance zouk anymore?

Sorrow in my soul
'Cause it seems that wrong
Really loves my company
He's more than a man
And this is more than love
The reason that this sky is blue
The clouds are rolling in
Because I'm gone again
And to him I just can't be true
And I know that he knows I'm unfaithful
And it kills him inside
To know that I am happy with some other guy
I can see him dying

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Meu primeiro Epílogo

As pernas fatigadas de tanto correr, os braços trêmulos de esgueirar seus olhares. A boca seca com o coração acelerado. É, de fato, hora de parar. Cessam, enfim, as palavras e os trocadilhos. A poesia já não é forte o suficiente e os sonhos sucumbiram à realidade. É tempo de perceber, está na sua hora.
Junte suas poucas tralhas e não esqueça do seu livro de bolso. Vire-se, bata a porta. Faça isso sem raiva, leve seus bons pensamentos e os guarde na gavetinha de tantos outros. Perdeu todo os seus indizeres, toda a sua surrealidade. Não encanta como encantava antes e não tem mais os poderes dos dizeres, levares e arrastares que já te competiram.
Vista-se. Coloque aquela blusa vermelha, mochila nas costas e não olhe pra trás. São tantas decisões. Deixarás seus olhares, suas poesias, seus sentimentos. Deixarás que escorra tudo e que ao fim os feitios de lágrimas sequem.
É tempo de procurar uma nova música, novos motivos. Mais que isso, novas cores. É tempo de procurar a ti mesma, trazer a tona novas batidas, novas tequilas e catuabas.
Da mesma forma que lhe esbarrei, irei lhe repelir e impelir.
Já disse o que tinha de dizer. Afinal, bebo em goles esse vinho e volto logo para o tango, os portenhos me clamam.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Flashes

Quem não tem um Ricardo na vida? Meu sempre problema tem nome, é o mesmo da minha sempre solução. Como ninguém, lê meus sorrisos e lembra de detalhes que eu mesma ignorei.
Faz tempo que sois assim, tão meu. Nunca perdeste o prumo, com todas as suas tantas e eu com todos os meus tolos. E hoje te esbarro em meus trocadilhos, te lembro em caixas guardadas, te explico em minhas incertezas.
Não é possível, afinal, que depois de tanto tempo haja motivos pra ceder-lhe meu tempo e meu sorriso. Não é possível que isso lhe baste. E não basta. Te encontro perdido, divagando nos meus pensamentos, pelas ruas de São Paulo e pela estrada de Nova Lima.
Te chamo de amor, e sei que cada vez que volta do bater, toma mais força. Dessa última teve o prazer de me encostar na parede, na próxima revolverá suas costas no assoalho. É assim, você volta, você vai. Sempre deixa pra mim as certezas de um dia ser e estar. Parecer, permanecer, continuar, ficar, tornar-se. Como, se, um verbo de ligação.
Ainda tens aquela foto?
Ainda lembras daquele sofá? E de meus dedos? E dos cabelos? Ainda te lembras do número que chamava? Ainda lembra do medo e do arrependimento? E, ainda, será que ainda lembra de ser quem me tirou os bons costumes?
Depois de você, eu nunca mais fui a mesma. Menos mal.

Ki versão III

É difícil ter a certeza que nunca viverá aqui. Saber de sua presença em minha ausência desconsola minh'alma e me traz um brilho que não te faz feliz. A maior decepção é saber que todos os nossos lugares são os lugares em que estaremos por únicas vezes. Salas, quartos, cozinhas, bares, praias, as únicas vezes. Não ousaria repetir você, porque seria inevitável a overdose. Depois de outra só me restaria a última viagem.
Sinto saudade de nossas delícias. Quando é que você vem?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pré-Epílogo

É bonito falar palavrões em momentos repletos de alma.
Mas não é disso que eu quero falar... A verdade é que preciso de achar os pontos finais pra mim mesma. E antes disso há que se dar espaço para a respiração e possíveis respostas.
Então, aqui estou me rendendo as minha pobres tentativas de despertar-lhe algum verso.
Foste tudo aquilo que não sei dizer. Ainda és quem me tira o sono e que me faz procurar pelos rostos na rua, no shopping, na faculdade. Sei de ti por perto antes de te veres e sinto seus olhares, todos eles.
O curioso desse tempo é que foi um não-tempo. E tantos versos que são prosa que nem sei mais onde ficou a minha poesia.
O cabelo ainda cai na cara, e se segura em seus fios. E sempre vem uma avalanche no meu estomago, quando te abraçar é inevitável: nunca soube o que pensaste. "Ah!, os teus abraços. Dedicaria um capítulo inteiro a eles".
Aliás, uma vez perguntei o que esperava de mim. Poucas, curtas e suficientes(?) palavras vieram em resposta: "que você me entenda". A questão é que deixei de entender, isto é, se é que já entendi algum dia. Me entrego a todos os seus verbos, e quando me cabe o mínimo, sou suficientemente explícita. Mas nunca mais se deu ao trabalho de se mostrar, se dizer. Mais que isso, se demonstrar. Que curioso. E aqui, peço que, se é que me lês, se é que me respondes em suas incontáveis metáforas e outras tantas figuras de linguagem, se é que ainda espera algum suspiro de meus alvéolos, se é que não se ilude ou me ilude. Se é que queira, que valha a pena que não deixe que as notas de vosso saxofone incendiário se percam de todo, no nosso tempo. Que já nem sei mais se existe.
Peno por não ter seus versos e suas teorias vagas. Desacredito que viver assim seja melhor. Mas é, indiscutívelmente, menos emocionante.
Espero seu consolo e suas atitudes. Te espero em todos os degraus, rampas e corredores.
Nunca pedi-lhe a conta, ou a paguei sem maiores explicações. Se é que me lês, talvez tenha lido com os olhos errados, querendo ou não, você não ocupa todos os meu olhares e divagações.
Espero que tenhas o bom senso de seres, ao menos uma vez, aquele que desejaria que fosses. Isso é, se você ainda for aquele que pensei que seria.
Sinal de fumaça é um bom começo?

domingo, 17 de maio de 2009

"Quem sabe a morte, angústia de quem vive"

É tempo de reconhecer. As céulas realmente oxidam, e os neurônios são tão fulgazes. Foste, você também, não é mesmo? Não é possível que não saibas que serás meu anjo, que guiarás meus versos e serás toda a crença do meu abandono.
Perde-se a viscosidade, o ânimo. Mas o pior de tudo: perde-se as lembranças. Elas ficam guardadas em caixas de cartas antigas junto fotos envelhecidas. Perto de papéis de balas e guardanapos com recados. Foste, enfim, seu fim, nosso fim. Afinal, se foi.
E aqui, espero que mantenha sua sanidade, que continue de longe com seus olhares e seus sorrisos. Mais que isso, que ainda murmure suas notas ao meu ouvido e que consiga me trazer a paz quando lembrar de ti. Foste em paz. Encontrar tantos outros que me recordo com carinho, mas que como ti, não são mais. E não voltarás, sendo sincera, que bom que não o fará. Afinal, já foram muitas noites de fantasmas.
Ainda te guardo em meu sangue e sempre saberei sua melodia e seus sorrisos.
Peço que, de longe, não abandone meus pequenos sonhos. Nunca mais repousarei a mão sobre a tua ou ela em teus cabelos. Nem deixarei minha cabeça cair ao lado da sua enquanto passa alguma coisa na televisão ou o vinil toca alguma coisa. Não andarei mais sob o céu de vagalumes, deliciando aqueles momentos. E nem me irritarei com seus sistemas. Acreditarei que disse toda a verdade, e lembrarei com carinho das suas piadas.
Cada açúcar que eu comer terá seu sorriso. Serei fiel às nossas lembranças e samambaias.
Sentirei saudades, mas não serei a única.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
...
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Vinícius de Morais

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Duvido que me perguntou sobre o fim do nosso tempo

Desligou o barulho do vinil. Sentou ao pé da cama, sempre estava em seus olhares. Sacou o violão como quem tira um isqueiro do bolso. Desse jeito mesmo, virou-se pro corpo inerte que se recompunha de sua 'petit mort'. Entoou as cordas como quem dedilha as curvas femininas.
Era uma cena bonita até. Lençois brancos, costas nuas. Valiam-se de poucas roupas de baixo. Olhos cerrados, a chuva ainda fazia o som de fundo. Enfim foi acordando, logo seria a alvorada. Claro que preferiria ficar por ali, surrealidade e realidades paralelas. Faz parte desse impossível de todos os dias.
Com pulso, foi fácil levantar e rancar-lhe das mãos o portal de melodias. Não precisou de muitas palavras pra se fazer entender. Beijou-lhe quente, molhado. Sentiu aqueles lábios como se nunca os tivesse conhecido. Tombou seu corpo, deixou-se cair na cama, denovo. Era nova, inteira, talvez apaixonada.
Deitou-se com ela. E, por um tempo, ficaram em silêncio. Por suspiros, voltaram a falar de pensamentos fugidios e vagos. Era, enfim, hora de ir pra casa. E o primeiro beijo a gente não esquece, nem o primeiro beijo de despedida.


Há quanto tempo foi isso?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Inesqueoque?

Empanturrei-me de olhares longes. É, enfim, o fim do meu gosto. Ela disse bem "é gostoso no início, depois cansa". Bastardo, sabes me trazer pra perto, e gosta disso. Ridículo: reconheço meus olhos procurando suas blusas pelas ruas. Mesmo quando saberia que não seria e que não estaria. Ainda o faço, fazer o quê?
É, enfim, o fim de meu tempo. Foi dada a largada para do início do fim: falta tempo pra gozar da vida e minhas tardes quentes são muito mais monótonas que poderiam ser. É uma pena o trabalho, enfim, adoraria viajar dias seguidos. Claro, que, não dispensaria boas companhias.
Amigo, é cruel: a vida ainda imita a vida. Escolhi os caminhos que me encontram, quem sabe um dia não chego em algum lugar? É assim que vamos, cheias de matérias, pensamentos, sentimentos. Com infinitos passos pra saber e inúmeras sequências pra experimentar. São momentos em que erros não são admitidos. É, enfim, tempo de ser quem não quero ser, mas preciso. Será possível que alguém pode me devolver o tango e o vinho?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Abafo

Existem momentos que não se propoem a ter qualquer sentido. Depois de toda a desordem das desventuras existe, enfim, um momento de sussego. E aí mora um perigo bem peculiar: você, enfim, se presta aos detalhes. E eles dizem muito, sabe?
Ver além do óbvio, é um dom que cabe aos puros de espírito. E sei que perde o caminho e só vê o que quer e precisa. Precisar, que ridículo.
No frigir dos ovos, é um babaca. Diz de sentimentos que nunca teve e nega a própria alma. E as minuciosidades resplandecem que o gênio não realiza os desejos, é uma muralha contra os sonhos. Estampa a solteiridade, e enfim presto-me a dizer que nunca foi O certo. Quis que fosse e traí meus olhares, os filtros quebraram.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ki versão II

E, no final do dia, o que me ocorre é que tudo vai bem.
Enfim, há qualquer coisa de luz no fim dos túneis. Escolheste vários, não é mesmo? Há que se saber motivos pra continuar sem grandes paixões. Por vezes, essas atrapalham. Não que seja melhor viver sem elas.
Mas, de fato, meus olhos me traem. Pesam as pálpebras, perco-me no fardo de meus livros e cadernos que arrasto por onde vou. As pernas já não reconhecem os contratempos do seu gingado, e só sei que uma vez mais desvelo que sou assim mesmo.
Ai, se aquela cera tivesse lhe queimado a face. Seria muito menos difícil, não sabes?
Quisera tivesse sido um dia chuvoso e frio, não ousaria cruzar as areias pra degustar seu sorriso e seu perfume. Sei que andas por aí,... Nunca me perderás de vista, não é mesmo?
Mas um dia eu vou, subo no Panteão e você vai jurar que sois a mais benta que já beijaste.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A vida imita a vida

O engraçado é que só funciona quando não queria que funcionasse. Mais uma vez meu passado vira destino e eu penso que foi do mesmo jeito, só que dessa vez a vida não me esbarra por aí nos meus própios pés e calos.
Sabe quando 'não' quer dizer 'sim', quase nucna me acontece. Mas esses dias aí pra trás teve um monte disso. É quando é indiferente, mas você quer, sabe que não deve, e tem certeza que não vai, mas como quer. Ah! Se quer. Com emoção ou sem emoção? Claro que com, a vida não tem graça se não for assim, não é mesmo? E administração, de repente, me parece uma boa idéia.
Queria viver em ponte aérea, tenho saudade de sensações.
Ainda assim, o passado preludia o futuro até com alguns mesmos personagens, pena que só entende o quer quando não deve: ainda estou procurando o tiro, até mesmo a arma. Foste mais infiél que teus sonhos. Já eu, fui a ti mesmo.
Sabe-se lá se houve razões pra que eu me buscasse. E se houve o fim dos tempos. Sempre é tempo de viver os sorrisos e abraços. Talvez eu ainda sinta sua falta, talvez teu perfume ainda esteja impregnando meu cabelo e minha pele.
Ainda não sei esquecer aquelas noites. Mas a tal tarde quente (e depois, a noite melada) faz-se mais real que os versos, por vezes, incompreensíveis e sem destinatário. Ainda és o único a quem me permito a surrealidade. Por que me iludo?

domingo, 3 de maio de 2009

Crepúsculo às avessas

E aqui estou eu quase duas da manhã na noite carioca, ignorando a batida de funk que ecoa pela cidade. Negligênciando os sambas da lapa e tentando descrever em sensações (e para tanto, palavras) o dia de hoje.
Pra início de conversa uma constatação: ex bom é ex morto. No mais, os calores são capazes de tirar-me do meu lugar comum, levar a realização dos sonhos até minhas mãos e boca e ter a certeza que existe alguém que pode te fazer feliz como aquele outro um dia te fez.
Só tive certeza disso quando consegui por um tempo relativamente grande esquecer do meu menino dos olhos castanhos. Era um novo, nem tão novo, sorriso. Juro que não me embrulhei inteira porque ainda me preocupo em algum nível com meus sempre amores. Desses que a gente nunca abandona. Mas é provável que meus inconsolos mudem de foto. E que agora falarei de uma tarde quente com muito mais entusiasmo que das noites com penumbras.
Se é cedo? Claro que sim, o dia nem raiou ainda...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Bom dia!

O problema é que ele nunca me decepciona!
Tenho tido dias cheios de todos os sorrisos e risos que poderiam ter. Cada argumento faz parte desse plano cósmico de não me deixar desisitir de absolutamente nada que eu poderia ter e fazer. Veja bem...
E passo dias esquecida daqueles dias, e dele mesmo, porque não? Mas quando aparece sempre é desse jeito. Acontece. Se eu não tivesse manobrado os carros pela manhã, se tivesse demorado mais ou menos pra levantar da cama, se não tivesse corrido pra passar aquele sinal amarelo, se nada disso (e outras coisas) tivesse acontecido eu não teria tido (des)prazer de tê-lo tido como meu primeiro som natural do dia.
É assim, a vida fica te colocando no meu caminho, mesmo quando eu mudo todos os meus rumos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Hasteando

Ouvi dizer uma vez: "Não é possível que, no fim, um milagre não aconteça". Que seja, mas quanto tempo falta pra chegar ao fim?
Ontem eu vi o mundo cair algumas vezes, e me faltavam forças pra acreditar que, por um milésimo de segundo, as coisas dariam certo. É claro que eu sei que a única certeza que tenho é que um dia, morrerei e morreremos todos. Mas agora não é um pouco cedo? Tem tanta coisa pra fazer e viver ainda, e quem disse que é muito tempo de vida?
Daí que eu digo que aproveitar todos os momentos é mais que necessário, é um dom. Casei-me com meus compromissos e hoje a única certeza que tenho é que sumir no mundo sem obrigações vivendo num ideal de fotossíntese é a melhor das opções.
Não deixe que os dias acomodem. Que as vontades sufoquem. Nem que os sentimentos dos outros controlem seus dizeres.
Ah! Tenho saudade de meu versos. E quando chega o fim, afinal. Ainda tenho coragem para esperar os milagres.

sábado, 18 de abril de 2009

A minha pequena alegria

Seja aquele que ninguém pode te julgar onde você não importa o que acontece à sua volta. É o famoso "dance como se ninguém estivesse olhando". Mesmo que estivessem, viva os esforços como se fossem eternos.
Em breve, sairei do meu verdadeiro e seguirei para onde posso vestir-me das farsas que me caem muito bem. Sem alcool, sem fumos e sem dores me dou muito bem com os meus dobrados e pulos. Saltitadas saem de minh'alma como se fossem a expressão das minhas lágrimas.
Dê cabo de seus temores. Ponha uma rouba bonita, maquie-se transforme-se. Essa é a guerra de todos os dias.
Suba em seus saltos, e tenha a certeza que és a única capaz de te fazer feliz.

A propósito, a gêmula está longe o suficiente pra não poder me recolher a minha pequena alegria.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Impulso do pulso

Enfim sós. É nesse momento que eu posso cuspir na sua cara toda a essência desprezível que trago nas víceras. Desprezo tudo aquilo que diz respeito ao seu pulso colocado, estrategicamente, sobre o meu desde quando sei de seu estar. Nunca me preocupei com seus pesares e continuo sem fazê-lo. Nada mais que um vento de desespero.
Larga-te dos seus versos e tome tento. Dê rumo ao seu abadono desordenado e aos seus trilhos. És como um trem. Perdi seus versos e as suas pistas e nem me importo mais com seu descaso. Deixou seu cheiro no ar e um rastro de melodia que preferi deixar para o tempo e o vento.
Se Ana Terra me ouvisse... Ah! Se ouvisse.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Prelúdio da morte viva

Os angústiados de hoje
são os mesmos da manhã
Provas pistas indicíos testes

Proves a ti e descubra
que não sois tua
que não és meu

Desvie-se de suas trilhas
vindi aos suspiros
saibas que morre
enquanto vive

Surjas como a fé
perca-se nos fios
dos cabelos alheios
Sejas quem não alcanço
És meu desespero
Não é possível que não veja

quarta-feira, 15 de abril de 2009

How long?

Todo mundo tem um "if it kills me" na vida.
Daqueles amores que são "a kind much closer than friends use". Não sabe do que tou falando? Fraquíssimo, pergunta pro google. A questão é que poucos sabem falar de amor como o Mraz, e não falo isso porque veio a tona, mas veja bem,... dessa poesia crua eu não me valia faz tempo.
E é disso que a vida trata. Dos grandes amores. "but I still can't say it after all we've been through". Eu soube de todos os meus melhores momentos só depois que eles se acabaram "but I never said a word I guess I'm gonna miss my chance again".
O primeiro problema, de fato, é que mesmo com essa inoperância "the feeling inside keeps building".

"Well, this double life I lead isn’t healthy for me In fact it makes me nervous If I get caught I could be risking it all". O segundo problema é quando torna-se insustentável, e você perde todas as suas forças e abandona os seus sonhos, dependura suas contas e larga o resto dos amores num canto qualquer, pra algum dia achar denovo. Igual foi da primeira vez.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Panegírico

"- A morte faz parte da vida, você aprendeu isso na sétima série.
- Antes... "
Ela costumava dizer que se ela sobrevivesse àqueles dirias ela seria eterna. A bem da verdade é que assim ficou, mesmo antes de falecer.
Foi feliz em todos os seus momentos. Reclamava da vida como ninguém mas tinha o dom de fazê-lo com uma serenidade que lhe resguardava os sorrisos. Aliás, os sorrisos dela eram inúmeros: um pra cada dia ou pessoa, e sorria sem se preocupar em gastá-lo. Isso deve ter sido pelos anos de aparelho que lhe esconderam os dentes, depois, ela tinha era que compensar.
Aprendeu a ler os amigos e tinha o péssimo hábito de não ter cuidado com os sentimentos dos outros quando pre-ci-sa-va de ser ouvida. É, ela não se dava ao trabalho de muita coisa. Conquistou alguns melhores irmãos e amigos na vida. Tinha um bocado de sonhos guardados no bolso e todo dia tirava um pra trazer à vida. No outro bolso trazia guardado um molho de pessoas do passado: amores, amigos, saudades e shows.
Ela vinha com uma trilha sonora, andava no ritmo de suas músicas e exalava o cheiro do momento. Correu um boato que seu abraço era assassino e tirava as pessoas do eixo. Ah, ela dançava. E como dançava, era uma dançadora-dançarina-dançante.
Respirava versos, e quando a poesia não lhe cabia, cabia-lhe à poesia. Escrevia quando dava vontade, às vezes mais, às vezes menos. Ela tinha suas inspirações: pessoas, momentos e cheiros. E como tinha.
Outra das coisas que lhe era importante eram as máscaras que criava para os dias de festa. Olhos de todas as cores. E se encatava por aquilo, perdi as contas de quando a vi estonteante e também de quando a vi tão pó que lhe recolhi para os seus caminhos.
A graça dela estava em todos os momentos, ridícula. Ela era nada menos que tudo que eu poderia esperar. E costumava dizer (com várias vozes em companhia): One by one Only the Good die young . Deixou-nos aos 20 anos e um mês, exatos.
Digo-lhe adeus, mas te contro no inferno, ou no purgatório. Obrigada pelos palavrões.

domingo, 12 de abril de 2009

Fatal

Procurou a consciência numa lata de lixo. Buscou qualquer coisa de racional pra se pensar: motivos, divagações. Nada que lhe ocorreu foi suficientemente lúcido para trazer-lhe a tona a vontade de viver aquela vida.
Lutava contra o destino traçado há anos. Desejava no seu mais profundo âmago que essa dor não fosse tão alucinante. Tomou o pincel nas mãos e começou a delinear seu luto. Pintou-se de cores fúnebres. A pálpebra coberta por um manto marrom escuro dava espaço para o negro que veio a delimitar-lhe o côncavo. Valeu-se de um amarelo claro para o canto interno e para a base da sobrancelha. Na parte de baixo, colocou um marrom não tão escuro, mas que não transparecia nenhuma felicidade. Escolheu o lápis mais macio e mais negro que encontrou, contornou-se por fora e por dentro. Escolheu a máscara mais densa que tinha, a prova de lágrimas.
Encorporou-se e corporificou-se.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Despido

Abriu o armário. Enfiou a mão num emaranhado de panos e tirou de lá um coloridinho. Achou que ficaria bom, vestiu-o pela cabeça, meio sem jeito. Voltou-se para o espelho, e pensou que mais parecia com uma blusa.
Tentou a sorte no amontoado denovo, dessa vez tirou um menos colorido, amarelinho, tomara que caia. Enfiou do jeito que veio mesmo, amassado. Pesquisou seu reflexo, testou uns passinhos e admirou a barra dançar junto com seus calcanhares. Insatisfatez.
Voltou pro ninho, e dessa vez saiu com um curto o suficiente para tapar-lhe as vergonhas. Cinza. Mirou o reflexo, deu dois giros que quase lhe descobriram a dobrinha do bumbum. Pensou consigo, perfeito.
Calçou 15cm de sexualidade, negros, pôs a bolsa a tira-colo, sorriu e bateu a porta.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Caso do Eduardo

"No meio do caminho tinha uma pedra". Constatar isso não é lá muito difícil, não é mesmo? O problema que eu vou lhes contar é quando não se desvia da pedra, ou se passa por cima dela, como se ela não morasse ali. Daí, você vive naquilo ad infinitum.
É. Acontece com as melhores e piores almas, com os nossos grandes e eternos amigos, inclusive com aqueles que a gente nunca deixa de respirar. Domingo é sempre um bom dia para se aposentar temporariamente da vida, e lá estava ele, o Dudu, na frente do cinema. Numa desventura do destino, esbarrou com sua pedra (que tem perninhas e bracinhos, sorri e diz que ama!), e assim permaneceu esbarrado nela até sabe-se quando. Provavel que ainda esteja. Quando a vida não te dá folga, nem que você fuja do mundo, o seu destino te encontra.
Caberia a ele ignorar e arrumar novos passa-tempos, mas a tal pedra ainda encontra seu lugar assegurado nos seu coração.
Bom, quem nunca passou por isso? Mas é um caso intrigante. Me pergunto se os domingos não são os dias do destino te encontrar pra tirar-lhe o sussego.
.
Why, we go carrying on for hours on end
We get along much better
Than you and your boyfriend
Well all I really wanna do is love you
A kind much closer than friends use
But I still can’t say it after all we’ve been through
And all I really want from you is to feel me
As the feeling inside keeps building
And I will find a way to you if it kills me
If it kills me
How long, can I go on like this,
Wishing to kiss you,
Before I rightly explode?
Well, this double life
I lead isn’t healthy for me In fact it makes me nervous
If I get caught I could be risking it all
'Cause maybe there’s a lot that I miss
In case I’m wrong
Jason Mraz . If it kills me

domingo, 5 de abril de 2009

Ki

Diz-me em tom de desafio: "C'est ça, ma cherie".
Veio de longe, e continua longe. De um lugar sertanejo qualquer. Traz nos lábios um tesouro de marfim, uma jóia consegrada pela latitude do tempo. Que nada mais é que entrada e saída de vossas crenças.
E me diz que lamenta os meus pesares. Mas também nunca se deu ao trabalho de se arrepender pelo mal-feito feito. Como se precisasse... Diz que sou brava e incapaz de compreender. Só me pergunto o que ele quer que eu compreenda, que a carne é fraca? Que nos rendermos às doces palavras e aos prazeres da vida é razoável, como se não fossem pecados mortais? Eu aprendi isso melhor que você, só não me sobressaio ao mostrar. Seus papéis são mais palpáveis que meus pensamentos vagos.
Ainda assim pensa em se transferir por mim. Quando o fizeres, se é que vai fazer, saberei minha alma sublimando enquanto me desfaço de minhas conveniências. Desistiria das minhas poucas fés e só não abandonaria os meus maiores amores, mas teria-te no com mais profundo âmago.
Vomitaria meus pudores e viajaria o mundo, pra qualquer lugar, se te levasse em baixo do meu braço. Aceitaria que não sois meu e que suas páginas são irrevogáveis. Traria-te como livro de bolso.
Teria-te como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aquela

Enoja.
Aquela menina sentada no meio fio, deve ter uns (?) doze anos? Por aí. Não é daquelas que se chama de cinquentinha, mas isso lá é idade de estar insana?
Será que perdeu os pais ou o caminho de casa? Quem sabe a própria casa. Nem está jogada à própria sorte, porque até esta a roubaram dela.
Não se sabe o nome, nem a cutis, posto que o negro do óleo que escorre no asfalto roubou-lhe a cor. Negou-lhe as sardas e nem mais ferrugem sobra pra dizer que fora branca. Ainda não se prostitiu, mas por pouco. Quando o último dente lhe for rancado da boca por ínfimos centavos a única coisa que lhe restará para o pó será o próprio ventre.
Ouviu-se por aí que ela cantava bem, e que declamava poesias nas praças em troca de trocados. Ainda não subiu o morro, mas já arrasta os próprios sonhos. Rogo que sua vida seja breve se assim continuar sendo, se não, que ela tenha piedade de si mesma e resgate a vida. Ao menos, os seus antigos amores.
Talvez não seja tão sem sorte, talvez uma boa alma também rogue por ela, junto comigo.

Ma petite. Mon petit.

Saiu pela porta de vidro. A vi caminhar pela fresta da porta. Tinha qualquer coisa de lúcido naquele caminhar.
Dirigia-se para aquele antro de perdições, e só conseguia pensar: que não mais eram minhas as coxas, o fogo, o suor. Sim, ela suava. Quisera que ela tivesse olhado pra trás...

O vi ali, sentado, divagando em suas complexidades. Quis que desistisse da fresta da porta: abrise-a num pontapé, que entortasse as dobradiças e que enfim rompesse o ruído com seu ímpeto de ardor. Nada feito, me limitei a sair pelas portas. Inexorável. Mas não demorei muito, e voltei a sabê-lo por perto.

Ela sentada por ali com umas tantas converssas e abelhas. Fingi não ver, e sorri. Sorri para a vida, como não? Ela também merece esse sorriso.

O meu pulso acelerou e nada pude fazer para que sentisse seu cheiro, nada mais que ficar atenta ao ventilador. Sim, o senti hoje. Principalmente na alma e no pulso. A trilha sonora eram suas batidas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Garçon

Sim, ele me trouxe pra perto. Me aconchegou nos seus olhos e sussurou alguma coisa sobre pinturas antigas. Me levou para lugares que nunca estive e redecorou os que já tinha visitado. Cobrou meus sentimentos, julgou os meus amores, prometeu que entenderia. Enganou o tempo, virou-se pra trás e me trouxe pra perto mais uma vez.
Tirou-me o sussego. Enfetiçou os meus livros e insiste em cruzar os meus melhores momentos. Vestiu-me só com um chapéu e pôs-se a me olhar. É sua voz que canta pra mim antes de dormir, e havia prometido acordar inúmeras vezes.
Fez-me outra, nova, e completa. Mas viciou-me nos teus versos e nos teus teoremas. E hoje lamento viver sem eles, no meu ouvido.
É tudo teu, afinal. Qualquer dia meus olhos hão de te encontrar pela vida, pelas escadas ou corredores e rampas. Me saberá por lá.

C'est jour

Nada que fugisse ao surreal, na verdade.
Não surpreende que meu apelo seja pelas tardes. O sol nascia, a noite caía e nos perdíamos nas gotas de chuva, mas as tardes sempre eram devotas dos pensamentos. Não por menos, naquela tarde, nada cessava os pensamentos de janeiro.
Não se tratando de geração espontânea, porque o tinha respirado naquele dia mais cedo, nada acalmava o desespero do meu pulso, que clamava pelo seu cheiro. Por horas a fio queixei-me da minha insanidade e inconstância, para quem estivesse à disposição da vida. Nada seria mais estranho que lê-lo.
E o fiz. O acaso levou meus dedos a um território conhecido, mas que eu já não consguia respirar.
Reclamei tendo a certeza que havia pedido a conta, mas nunca se sabe. Respostas fugidias, competem.
E no fim do dia eu não sabia mais onde estavam meus olhos escuros, nem onde tinha ficado o resquício de sanidade que o tempo ainda não havia me roubado.
Nunca deixou que se apagasse, não é mesmo? Desejei que te visse, e que me entregasse aos devaneios. Mas não, he's never there.
Meu ímpeto? Tirar-lhe a sanidade e voltar praquelas noites e alvoradas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Grito de desespero: "AH!"

Anseava qualquer tipo de ilícito que conseguisse lhe tirar daquele turbilhão de... Que era aquilo mesmo? Insetos? Quase isso: repugnantes e nojentas reflexões acerca de assuntos proibidos.
Sim, ele não se importava com as leis. Mesmo que o rei tivesse mandado que se parasse de pensar, e que tivesse proibido a liberdade dos sentimentos, ele havia encontrado uma fresta no seu cérebro que tapeava o rei. O rei era poderoso, claro. Mas ele tinha coragem. Nunca, aliás, se vira tanta coragem num anão.
A essa altura já tinha tomado toda a cerveja podre que restara naqueles barris depois da festa, já tinha bebido o resto das taças e garrafas de vinho que tinham ficado perdidos pela grama. Restava-lhe procurar o rum dos piratas, ou testas algumas ervas, pós e cogumelos. Sua coragem enfrentava o rei mas não encarava a ira dos piratas, por isso rendeu-se ao que encontrou ali no chão mesmo.
Tinham três cogumelos de formas diferentes, ferveu. Tinham uns pacotinhos com uns pós, uns brancos outros prateados, não fazia diferença, colocou no caldeirão também, depois achou um matinho verde escuro com cinco pontas. Achou adequado fumá-lo e não fervê-lo.O fumo verde não deu onda, preparou-se para tomar o ilícito, respirou fundo e desceu seco.
Permaneceu deitado pensando na bela que lhe tinha sorrido mais cedo, não demorou muito veio uma nuvem colorida, do meio da nuvem veio a bela. A bela vinha deformada? Era isso mesmo? Coxa? "Estou louco," pensou. Tirou a adaga que carregava na cintura e correu em direção à imagem da bela coxa. Pensou que fosse mais alto, e que fosse um machado, pulou para o ataque, e meus amigos, caiu em cima de ninguém menos que do rei.

terça-feira, 24 de março de 2009

Hipóteses

Amigos, nada menos que eletrizante. Priceless.
Afinal, nada menos que 22:40 e descobrir que o metrô de SP tá tão grande que chegou em Belo Horizonte, pra começar bem. Regada de samba, forró, zouk, butterfly, e uns tantos outros eu sobrevivi aos meus olhos até enquanto eu consegui, isso significou ate umas 3 e pouca da madrugada.
Consolação, meus amigos, Caribe! Na melhor das hipóteses eu estava só com sono. Não muito depois disso chegamos ao loisuites. E a pergunta que não quer calar: quem, em sã consciencia, manda hóspedes recém-6horas-viajados preencherem papelzinho de dados, que deixasse pra saída, certo? Mas nem isso.
Tudo preenchido, voilà, cama! E claro que eu optei por não tomar café, dormir até a cama cansar de mim era a melhor opção. Maldito relógio biológico, não durei até muito depois das dez.
Depois dos processos habituais, tomei banho, e na melhor das hipóteses eu só estava com fome.
Saimos. Daí até quando eu consegui tomar café/almoçar foi uma odisséia. Mas lá estávamos no anexo -Morumbi- de SP. E Shirley, como eu te amo, mesmo com você brigando e apelando: "Na próxima possibilidade, vire à direita".
Depois de comer ver meu sonho de quatro anos é algo que não se discute. É algo que se sente. E rezei pra que fosse menos impossível. Mas na melhor das hipóteses, era só uma hora.
Fim dela, vamos para o recanto encantado a que viemos.
Todos os risos do mundo e : DENTRO. Deu pra jogar truco, meus amigos! E, claro, que eu ganhei! Tocaê, partner o/!
Não me alongando muito: a possibilidade de ser o últim dos irmãos, meus amigos, é iminente e nada me faria mais feliz naquele momento que estar ali. Talvez, só se ELE estivesse lá, mas como sabemos, isso não aconteceu.
O alemão? Espetáculo. E o outro, o motivo da algazarra toda: nunca pensei que o que eu mais amaria naquilo tudo fossem as luzes. Na pior das hipóteses surreal.
Aliás, sobre surrealidades, o outro surreal ao qual me referi há não muito tempo esteve por lá. Pensei tê-lo visto, mas nem sabia se isso mesmo. Agora, a Inês é morta. Na melhor das hipóteses me consolo com a sensação de sabê-lo lá, em mim.
Das luzes, quero vídeos, todos os vídeos. Quantas vezes acabou não sei. Só sei que na que mais importa: "Pernas pra que te quero!". Amigos, eu corri! Alguém se dignificou a filmar? Inshaalá, não! E lindo, e lindas, as luzes. "But I'm a creeeeeeeeeep!".
No fim, restavam mais 6 horas até casa (que se tornaram infinitas 8 horas, ou mais).
Na pior das hipóteses foi indizível. Tá dentro do pacote de coisas que eu não sei falar.
Quando me perguntam, a redundancia impera: "E o show?" "Foi show!"

E foi, amigos. Na pior das hipóteses eu faria tudo denovo e mais. Talvez rolasse na lama, caso tivesse chovido, mas em todo caso, não foi preciso.
Obrigado eterno pelas companhias.

Minhas pernas clamam minha cama, junto com a cabeça. E hoje, na melhor das hipóteses eu sou um bonequinho do The Sims.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

And he did, and he does, and he'll do it again.

Quem falou em carta?
Cansei de falar que isso não te competia. E, aliás, como se eu dedicasse tantos cabelos brancos aos seus olhos azuis.
Nunca vi ninguém falar de amor como você (depois do Mraz, é claro). Mas me pergunto insistentemente se você já amou alguém além de você mesmo.Não venha me falar que você ama a vida e a poesia, elas não respiram. Muito antes pelo contrário, são respiradas.
Duvidei de mim mesma, e talvez ainda duvide, que tenha sido tão querido quanto pensei que fosse. Ainda assim, quis que seus olhos encontrassem os meus naquelas escadarias... que nem aquele dia do sorriso, ou o dia do abraço.


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
...
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
...
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Ausência . Vinícius de Moraes