quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Metamorfose

Quando a gente tenta ser uma pessoa melhor, a gente espera que inspire alguém. E é isso, quem te inspira e a quem você inspira.
Tem gente que muda por alguma pessoa, tem gente que muda por algum sofrimento, tem gente que muda pra ser diferente e tem gente que muda por si mesmo. E a verdade é que se permitir mudar pra ser alguém melhor, é uma conquista ímpar. Primeiro porque mudar não é fácil, segundo porque se forçar a mudar porque você reconhece os seus defeitos é uma qualidade impossível. Dessas próprias de pessoas improváveis, mas que existem, e assim são inenarráveis.
Difícil lhes explicar de onde que veio essa onda descontrolada por mudanças e liberdades. Falta a origem sólida disso tudo, quando na verdade esta não tem nada de sólido.
Procure os caminhos que te levam pro melhor, mas não se esqueça de prestar atenção nas melhores pessoas que cruzarem sua trilha. Se possível as carregue com você por todo o trajeto. E convide-a a mudar com você. Não por alguém, ou por uma dor, mas para ser melhor e simplesmente ser melhor.
É assim que vai de encontro à idéia de felicidade. Mas não se perca no caminho, porque de nada adianta um caminho tortuoso para uma bela paisagem: se durante a trilha você se machuca, quando chegar ao seu destino estará, invariavelmente, mais preocupado com seus ferimentos do que com a vista espetacular que podes vislumbrar.

Tome cuidado com os pôres e nasceres dos sóis. Eles são incontroláveis e podem te fazer querer viver histórias que não são próprias de pessoas que se permitem as variáveis.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Falta alguém aqui

"Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro."
Leonardo da Vinci

É a verdade que eu tento me apegar. Falta alguém por aqui, em algum lugar mais ou menos por aqui, fisicamente, carinhosamente.
Falta alguém aqui pra me dar um colo de saudade, e ir dos meus tropeços tanto risados ao longo desses anos. Falta essa pessoa que me deixou chegar onde eu estou e que, de longe, guia esse caminho sinuoso, mas que um dia eu descobrirei: recompensador.

Falta essa pessoa, também, que vai estar do lado de fora, e que me sente por dentro, como se quisesse viver isso comigo.
Mesmo que ela esteja ali, ela deixou de estar aqui, e é por isso que faz falta, que faz tanta falta. Falta os olhos de compreensão e orgulho do outro, falta a lágrima emocionada de um homem que jamais se envergonharia de seus interiores. De seus sentimentos. Sobra um excesso de escudos e de distância.
Mas mesmo com todas essas faltas, o que mais me faz falta é a presença do abraço que ficou perdido em julho.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sobre a podridão

Às vezes o vazio faz sentido e consola.
Só quando a gente se esvazia de tudo que te empodrece e empobrece é que tem lucidez pra ver além das nuvens. E é isso que falta à todos nós, capacidade de se libertar. Livretar.
De vez quando os caminhos se confundem, e deixamos a parte podre de nós mesmo nos consumir e contagiar toda a parte sana que sobrou de nossa consciência, e por vezes do corpo também.
Como se existisse algum remédio para os fungos e ácaros...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quanto tempo deve durar um abraço?

Um abraço tem que ter tempo o suficiente pra acalmar um coração. Pra dar sossego ao coração que abraça e pra dar tempo de um coração encontrar o outro.
O abraço é assim, como um laço. Que ata e desata, conforme lhe for permitido, mas não deve ser cronometrado, e se o fim do abraço dói, é porque ele não acabou.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Inenarrável. Minha pessoa inexplicável.

Sinto falta de me entregar pros teus versos. De senti-los me consumindo por dentro e por fora, do seu cheiro apodrecendo meus pudores e de nossa música criando mais uma noite sem fim. Ainda temos a promessa dos amanheceres que vivemos juntos e dos cigarros e viagens que prometemos em algum lugar distante mais ou menos perto de Bruxellas.
Era ótimo pensar que era um lugar comum, esse que escrevíamos, e de repente os beijos de boca sumiram e saíram rolando e escorrendo pelas escadas de um prédio de tijolos qualquer. Sinto falta de me sentir em teus versos com a libido à flor da pele que me obrigava a te ligar de madrugada quando pensava em noites quentes e sempre molhadas.
Quando é que essa saudade de nós acaba? Quando é que o I do teu sobrenome irá parar de assombar meus passos por aqueles corredores.
Você guardou em nós tudo aquilo que o nosso amor prometeu, em gritos sussurrados na alma de um cotidiano remoto. Quando é que tu voltas aparecer por perto, como se brotasse em todos os meus lugares. Sinto saudade do sorriso que acompanhava vagando por lugares comuns e que trazia o incomum para todos o meus momentos.

Quem foste

Existem momentos em que a gente se permite sofrer por motivos que não nos pertencem porque precisamos sofrer um pouquinho pra saber que a gente não precisa de determinadas coisas pra ser feliz. Fez sentido?
No fim, quando o turbilhão passa, ou começa a passar, você descobre que é melhor deixar algumas coisas se perderem, e parar de perder você mesmo. Porque quando acaba, não é o fim. É só um recomeço. E a vida é feitas de ciclos com começos e recomeços, com finais desfinalados e desafinados, mas que ainda assim são finais.
É sobre limites que vos falo, e sobre como descobri-los. E mais que isso, os limites mudam conforme o sentimento, acontece que as vezes os sentimentos insistem em ampliar os seus limites, e por fim, você se perde o suficiente pra sofrer sem saber porque você sofre. Sendo que você não se reconhece nas suas atitudes, você não se reconhece em você.
Sinta a gravidade - ou gravidez - do problema.

Aí depois você aprende onde pisar em você mesmo. E descobre que não vale a pena viver sem motivos justos, ou sem estar ao lado de pessoas inenarráveis.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Desses que não sei

São lugares incrédulos. E assim também são as suas pessoas.
E foi assim que me apaixonei, por alguém, que era dos menos impossíveis. Acontece que perdeu a parte do menos, e duvido que meu amor dê pra tanta impureza.
Claro que não deixo de ser incrédula, impossível e, naturalmente, estranha. Mas nunca me fui triste. Até então, nunca tinha sido. Os venenos e poções nunca me atingiram tanto, mas uma vez falha, e torno-me suscetível aos que pretendem que eu assim o seja.
A falha é essa. Um brinde à maturidade, que me livra dos maiores males e me permite ver e viver os sentimentos que preciso pra que eu deixe ir embora. Para que eu deixe se perder, e que eu me permita abrir mão dessa tristeza.
Me perdi em confusões desleais, a maior parte delas provocadas por mim mesma. E no final do dia, eu só queria alguma certeza, seja ela qual for e de quaisquer sentimentos que ela venha acompanhada, mas uma certeza. Um ponto que não fosse reticente...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre amores impuros

Afora toda a dor, os grandes amores têm um grande problema quando acabam - ou se deixam terminar. São os resquícios de sentimento que eles espalham pela vida dos, até então, amantes; e que vão produzir os amores impuros.
São aqueles sentimentos que te parecem muito nobres e promissores, mas que na prática são frustrados. É dessas sensações que a gente tem quando tudo vai muito bem, mas você nunca está suficientemente envolvido, empolgado ou satisfeito. E esse amor nasce dos cacos de um amor melhor, mais nobre, envolvido por toda uma atmosfera de decepção e de torpor.
Será que vale a pena dedicar esse amor a alguém, que em breve vai fazer o mesmo que fizeram a ti com essa pessoa? Seja pela mentira, pela diferença, pela desconfiança ou pela falta de um amor puro o suficiente pra resgatar qualquer alma dos lugares comuns?
Posto que findo, e quebrado é irrevogável a essência que assola meus amores futuros, mas será que é justo, ou honesto amar neste amor medíocre?

quarta-feira, 31 de março de 2010

"Sexo é poesia"

Amores e paixões são co-existentes, não necessariamente, simultaneamente e pelo mesmo objeto de desejo.
A paixão incendeia tira o sono e dura o tempo necessário para tornar os detalhes a parte fundamental da memória, e por isso mesmo inesquecível. São os suspiros da madrugada, uma trilha sonora, um dizer particular que ficou prezo na memória como se grude em papel de seda. A paixão tira o sono, o folêgo e a sanidade. É o que faz se deslocar distâncias enormes, e aparecer em qualquer horário inadequado e nos lugares mais inusitados. Uma paixão de verdade não se esquece, mesmo depois que ela para de arder. Todo o desespero silenciado, toda a angustia por mais um alvorecer, todas as gotas de suor frio, tudo passa, mas fica a memória de todos os pormenores, de toda a significância de sua passagem, nada despercebida pela vida de um ser (des)humano qualquer.
O amor é diferente e bem mais difícil, ele suporta muito mais decepções, e por isso mesmo é bem mais judiado que a paixão. O amor se dá, doa e oferece. E nasce de todos os erros do mundo, o primeiro e mais óbvio, é fazer com que exista alguém que possa ser quase tão importante pra você quanto ti mesmo. Depois desse erro, qualquer outro é secundário. O amor é nobre e perdura depois de muito tempo, cresce junto com a admiração e, esta, não termina e guarda lembranças. Essa guarda saudade de uma certa confiança e de segredos tão ímpares que, pra variar, não se valem nas palavras. O amor não precisa de nada mais que simesmo pra existir, mas nem por isso é o melhor dos sentimentos.
A melhor sensação do mundo é o amor apaixonado. Sem limites, sem restrições, pleno e que é capaz de tudo por simples "bons dias" e que guarda tudo aquilo de melhor de cada um, mesmo com o cotidiano.

Me apaixono pelo amor todos os dias e todas as vezes em que me dou ao trabalho de olhar pra ele. Que saudade da sua voz.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Fica pra posteridade

Pra ti ficam só os teus versos, Teus porque lhe pertecem, ou mesmo porque foste tu que os trouxe a tona.
Ficam os meios sorrisos e tudo aquilo que eu não consegui dizer quando tive a chance. Ficam também os perfumes mal usados e as gotas de cabelo que pingariam no seu lençol.
Na verdade, pra ti, fica tudo de intangível que cogitou existir. Fica tudo aquilo que não aconteceu.

E fica a mais sincera jura de paixão que já existiu.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Interrompido

Nasceu com esse formigamento da racionalidade que impele todos os toques e palavras. Ousou divagar por lugares menos razoáveis com estratégias pouco usuais, e tornou-se tão leviano quanto sua razão permitia. Deu uns pinotes de soslaio, enganou a própria sorte e rendeu-se à escrita, em detrimemento de sua oratória.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais do mesmo

Deu a volta pelo meio.
Fingi que não senti o seu olhar me acompanhar descer as rampas e escadas. Fiz de tonta, e zelei pela minha integridade social.
Não tardou muito, saiu de seu lugar de segurança e quis saber de minhas passadas. Pensei fugir pr'um lugar qualquer, suficientemente, latino. Mas não me iludo: uma hora a música cessa e a noite engole os sonhos antigos e os pesares pensados num passado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Antes do fim do dia

Sempre em janeiro.
Há um ano atrás, eram nada menos que dois, quase três. Um dos braços e olhos, o outro de palavras e sinestesias e mais um que era de promessas sempre veladas e escondidas pelas verdades e medos do cotidiano.
Desta vez é diferente, um pouco diferente. Temos um novo e pleno.
É aquele do sorriso por cima do lábio quando eu vou embora, aquele que me arde. Não mudou desde setembro. Desde a primeira vez. Nunca é simples, mas qual é a graça da simplicidade? O singelo não precisa deixar de ser complexo e intenso.
É o mês de janeiro. Aqui vamos, denovo, para as tormentas. Verdade seja dita, quem não gosta de chuva?