As pernas fatigadas de tanto correr, os braços trêmulos de esgueirar seus olhares. A boca seca com o coração acelerado. É, de fato, hora de parar. Cessam, enfim, as palavras e os trocadilhos. A poesia já não é forte o suficiente e os sonhos sucumbiram à realidade. É tempo de perceber, está na sua hora.
Junte suas poucas tralhas e não esqueça do seu livro de bolso. Vire-se, bata a porta. Faça isso sem raiva, leve seus bons pensamentos e os guarde na gavetinha de tantos outros. Perdeu todo os seus indizeres, toda a sua surrealidade. Não encanta como encantava antes e não tem mais os poderes dos dizeres, levares e arrastares que já te competiram.
Vista-se. Coloque aquela blusa vermelha, mochila nas costas e não olhe pra trás. São tantas decisões. Deixarás seus olhares, suas poesias, seus sentimentos. Deixarás que escorra tudo e que ao fim os feitios de lágrimas sequem.
É tempo de procurar uma nova música, novos motivos. Mais que isso, novas cores. É tempo de procurar a ti mesma, trazer a tona novas batidas, novas tequilas e catuabas.
Da mesma forma que lhe esbarrei, irei lhe repelir e impelir.
Já disse o que tinha de dizer. Afinal, bebo em goles esse vinho e volto logo para o tango, os portenhos me clamam.