quinta-feira, 30 de abril de 2009

Bom dia!

O problema é que ele nunca me decepciona!
Tenho tido dias cheios de todos os sorrisos e risos que poderiam ter. Cada argumento faz parte desse plano cósmico de não me deixar desisitir de absolutamente nada que eu poderia ter e fazer. Veja bem...
E passo dias esquecida daqueles dias, e dele mesmo, porque não? Mas quando aparece sempre é desse jeito. Acontece. Se eu não tivesse manobrado os carros pela manhã, se tivesse demorado mais ou menos pra levantar da cama, se não tivesse corrido pra passar aquele sinal amarelo, se nada disso (e outras coisas) tivesse acontecido eu não teria tido (des)prazer de tê-lo tido como meu primeiro som natural do dia.
É assim, a vida fica te colocando no meu caminho, mesmo quando eu mudo todos os meus rumos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Hasteando

Ouvi dizer uma vez: "Não é possível que, no fim, um milagre não aconteça". Que seja, mas quanto tempo falta pra chegar ao fim?
Ontem eu vi o mundo cair algumas vezes, e me faltavam forças pra acreditar que, por um milésimo de segundo, as coisas dariam certo. É claro que eu sei que a única certeza que tenho é que um dia, morrerei e morreremos todos. Mas agora não é um pouco cedo? Tem tanta coisa pra fazer e viver ainda, e quem disse que é muito tempo de vida?
Daí que eu digo que aproveitar todos os momentos é mais que necessário, é um dom. Casei-me com meus compromissos e hoje a única certeza que tenho é que sumir no mundo sem obrigações vivendo num ideal de fotossíntese é a melhor das opções.
Não deixe que os dias acomodem. Que as vontades sufoquem. Nem que os sentimentos dos outros controlem seus dizeres.
Ah! Tenho saudade de meu versos. E quando chega o fim, afinal. Ainda tenho coragem para esperar os milagres.

sábado, 18 de abril de 2009

A minha pequena alegria

Seja aquele que ninguém pode te julgar onde você não importa o que acontece à sua volta. É o famoso "dance como se ninguém estivesse olhando". Mesmo que estivessem, viva os esforços como se fossem eternos.
Em breve, sairei do meu verdadeiro e seguirei para onde posso vestir-me das farsas que me caem muito bem. Sem alcool, sem fumos e sem dores me dou muito bem com os meus dobrados e pulos. Saltitadas saem de minh'alma como se fossem a expressão das minhas lágrimas.
Dê cabo de seus temores. Ponha uma rouba bonita, maquie-se transforme-se. Essa é a guerra de todos os dias.
Suba em seus saltos, e tenha a certeza que és a única capaz de te fazer feliz.

A propósito, a gêmula está longe o suficiente pra não poder me recolher a minha pequena alegria.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Impulso do pulso

Enfim sós. É nesse momento que eu posso cuspir na sua cara toda a essência desprezível que trago nas víceras. Desprezo tudo aquilo que diz respeito ao seu pulso colocado, estrategicamente, sobre o meu desde quando sei de seu estar. Nunca me preocupei com seus pesares e continuo sem fazê-lo. Nada mais que um vento de desespero.
Larga-te dos seus versos e tome tento. Dê rumo ao seu abadono desordenado e aos seus trilhos. És como um trem. Perdi seus versos e as suas pistas e nem me importo mais com seu descaso. Deixou seu cheiro no ar e um rastro de melodia que preferi deixar para o tempo e o vento.
Se Ana Terra me ouvisse... Ah! Se ouvisse.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Prelúdio da morte viva

Os angústiados de hoje
são os mesmos da manhã
Provas pistas indicíos testes

Proves a ti e descubra
que não sois tua
que não és meu

Desvie-se de suas trilhas
vindi aos suspiros
saibas que morre
enquanto vive

Surjas como a fé
perca-se nos fios
dos cabelos alheios
Sejas quem não alcanço
És meu desespero
Não é possível que não veja

quarta-feira, 15 de abril de 2009

How long?

Todo mundo tem um "if it kills me" na vida.
Daqueles amores que são "a kind much closer than friends use". Não sabe do que tou falando? Fraquíssimo, pergunta pro google. A questão é que poucos sabem falar de amor como o Mraz, e não falo isso porque veio a tona, mas veja bem,... dessa poesia crua eu não me valia faz tempo.
E é disso que a vida trata. Dos grandes amores. "but I still can't say it after all we've been through". Eu soube de todos os meus melhores momentos só depois que eles se acabaram "but I never said a word I guess I'm gonna miss my chance again".
O primeiro problema, de fato, é que mesmo com essa inoperância "the feeling inside keeps building".

"Well, this double life I lead isn’t healthy for me In fact it makes me nervous If I get caught I could be risking it all". O segundo problema é quando torna-se insustentável, e você perde todas as suas forças e abandona os seus sonhos, dependura suas contas e larga o resto dos amores num canto qualquer, pra algum dia achar denovo. Igual foi da primeira vez.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Panegírico

"- A morte faz parte da vida, você aprendeu isso na sétima série.
- Antes... "
Ela costumava dizer que se ela sobrevivesse àqueles dirias ela seria eterna. A bem da verdade é que assim ficou, mesmo antes de falecer.
Foi feliz em todos os seus momentos. Reclamava da vida como ninguém mas tinha o dom de fazê-lo com uma serenidade que lhe resguardava os sorrisos. Aliás, os sorrisos dela eram inúmeros: um pra cada dia ou pessoa, e sorria sem se preocupar em gastá-lo. Isso deve ter sido pelos anos de aparelho que lhe esconderam os dentes, depois, ela tinha era que compensar.
Aprendeu a ler os amigos e tinha o péssimo hábito de não ter cuidado com os sentimentos dos outros quando pre-ci-sa-va de ser ouvida. É, ela não se dava ao trabalho de muita coisa. Conquistou alguns melhores irmãos e amigos na vida. Tinha um bocado de sonhos guardados no bolso e todo dia tirava um pra trazer à vida. No outro bolso trazia guardado um molho de pessoas do passado: amores, amigos, saudades e shows.
Ela vinha com uma trilha sonora, andava no ritmo de suas músicas e exalava o cheiro do momento. Correu um boato que seu abraço era assassino e tirava as pessoas do eixo. Ah, ela dançava. E como dançava, era uma dançadora-dançarina-dançante.
Respirava versos, e quando a poesia não lhe cabia, cabia-lhe à poesia. Escrevia quando dava vontade, às vezes mais, às vezes menos. Ela tinha suas inspirações: pessoas, momentos e cheiros. E como tinha.
Outra das coisas que lhe era importante eram as máscaras que criava para os dias de festa. Olhos de todas as cores. E se encatava por aquilo, perdi as contas de quando a vi estonteante e também de quando a vi tão pó que lhe recolhi para os seus caminhos.
A graça dela estava em todos os momentos, ridícula. Ela era nada menos que tudo que eu poderia esperar. E costumava dizer (com várias vozes em companhia): One by one Only the Good die young . Deixou-nos aos 20 anos e um mês, exatos.
Digo-lhe adeus, mas te contro no inferno, ou no purgatório. Obrigada pelos palavrões.

domingo, 12 de abril de 2009

Fatal

Procurou a consciência numa lata de lixo. Buscou qualquer coisa de racional pra se pensar: motivos, divagações. Nada que lhe ocorreu foi suficientemente lúcido para trazer-lhe a tona a vontade de viver aquela vida.
Lutava contra o destino traçado há anos. Desejava no seu mais profundo âmago que essa dor não fosse tão alucinante. Tomou o pincel nas mãos e começou a delinear seu luto. Pintou-se de cores fúnebres. A pálpebra coberta por um manto marrom escuro dava espaço para o negro que veio a delimitar-lhe o côncavo. Valeu-se de um amarelo claro para o canto interno e para a base da sobrancelha. Na parte de baixo, colocou um marrom não tão escuro, mas que não transparecia nenhuma felicidade. Escolheu o lápis mais macio e mais negro que encontrou, contornou-se por fora e por dentro. Escolheu a máscara mais densa que tinha, a prova de lágrimas.
Encorporou-se e corporificou-se.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Despido

Abriu o armário. Enfiou a mão num emaranhado de panos e tirou de lá um coloridinho. Achou que ficaria bom, vestiu-o pela cabeça, meio sem jeito. Voltou-se para o espelho, e pensou que mais parecia com uma blusa.
Tentou a sorte no amontoado denovo, dessa vez tirou um menos colorido, amarelinho, tomara que caia. Enfiou do jeito que veio mesmo, amassado. Pesquisou seu reflexo, testou uns passinhos e admirou a barra dançar junto com seus calcanhares. Insatisfatez.
Voltou pro ninho, e dessa vez saiu com um curto o suficiente para tapar-lhe as vergonhas. Cinza. Mirou o reflexo, deu dois giros que quase lhe descobriram a dobrinha do bumbum. Pensou consigo, perfeito.
Calçou 15cm de sexualidade, negros, pôs a bolsa a tira-colo, sorriu e bateu a porta.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Caso do Eduardo

"No meio do caminho tinha uma pedra". Constatar isso não é lá muito difícil, não é mesmo? O problema que eu vou lhes contar é quando não se desvia da pedra, ou se passa por cima dela, como se ela não morasse ali. Daí, você vive naquilo ad infinitum.
É. Acontece com as melhores e piores almas, com os nossos grandes e eternos amigos, inclusive com aqueles que a gente nunca deixa de respirar. Domingo é sempre um bom dia para se aposentar temporariamente da vida, e lá estava ele, o Dudu, na frente do cinema. Numa desventura do destino, esbarrou com sua pedra (que tem perninhas e bracinhos, sorri e diz que ama!), e assim permaneceu esbarrado nela até sabe-se quando. Provavel que ainda esteja. Quando a vida não te dá folga, nem que você fuja do mundo, o seu destino te encontra.
Caberia a ele ignorar e arrumar novos passa-tempos, mas a tal pedra ainda encontra seu lugar assegurado nos seu coração.
Bom, quem nunca passou por isso? Mas é um caso intrigante. Me pergunto se os domingos não são os dias do destino te encontrar pra tirar-lhe o sussego.
.
Why, we go carrying on for hours on end
We get along much better
Than you and your boyfriend
Well all I really wanna do is love you
A kind much closer than friends use
But I still can’t say it after all we’ve been through
And all I really want from you is to feel me
As the feeling inside keeps building
And I will find a way to you if it kills me
If it kills me
How long, can I go on like this,
Wishing to kiss you,
Before I rightly explode?
Well, this double life
I lead isn’t healthy for me In fact it makes me nervous
If I get caught I could be risking it all
'Cause maybe there’s a lot that I miss
In case I’m wrong
Jason Mraz . If it kills me

domingo, 5 de abril de 2009

Ki

Diz-me em tom de desafio: "C'est ça, ma cherie".
Veio de longe, e continua longe. De um lugar sertanejo qualquer. Traz nos lábios um tesouro de marfim, uma jóia consegrada pela latitude do tempo. Que nada mais é que entrada e saída de vossas crenças.
E me diz que lamenta os meus pesares. Mas também nunca se deu ao trabalho de se arrepender pelo mal-feito feito. Como se precisasse... Diz que sou brava e incapaz de compreender. Só me pergunto o que ele quer que eu compreenda, que a carne é fraca? Que nos rendermos às doces palavras e aos prazeres da vida é razoável, como se não fossem pecados mortais? Eu aprendi isso melhor que você, só não me sobressaio ao mostrar. Seus papéis são mais palpáveis que meus pensamentos vagos.
Ainda assim pensa em se transferir por mim. Quando o fizeres, se é que vai fazer, saberei minha alma sublimando enquanto me desfaço de minhas conveniências. Desistiria das minhas poucas fés e só não abandonaria os meus maiores amores, mas teria-te no com mais profundo âmago.
Vomitaria meus pudores e viajaria o mundo, pra qualquer lugar, se te levasse em baixo do meu braço. Aceitaria que não sois meu e que suas páginas são irrevogáveis. Traria-te como livro de bolso.
Teria-te como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aquela

Enoja.
Aquela menina sentada no meio fio, deve ter uns (?) doze anos? Por aí. Não é daquelas que se chama de cinquentinha, mas isso lá é idade de estar insana?
Será que perdeu os pais ou o caminho de casa? Quem sabe a própria casa. Nem está jogada à própria sorte, porque até esta a roubaram dela.
Não se sabe o nome, nem a cutis, posto que o negro do óleo que escorre no asfalto roubou-lhe a cor. Negou-lhe as sardas e nem mais ferrugem sobra pra dizer que fora branca. Ainda não se prostitiu, mas por pouco. Quando o último dente lhe for rancado da boca por ínfimos centavos a única coisa que lhe restará para o pó será o próprio ventre.
Ouviu-se por aí que ela cantava bem, e que declamava poesias nas praças em troca de trocados. Ainda não subiu o morro, mas já arrasta os próprios sonhos. Rogo que sua vida seja breve se assim continuar sendo, se não, que ela tenha piedade de si mesma e resgate a vida. Ao menos, os seus antigos amores.
Talvez não seja tão sem sorte, talvez uma boa alma também rogue por ela, junto comigo.

Ma petite. Mon petit.

Saiu pela porta de vidro. A vi caminhar pela fresta da porta. Tinha qualquer coisa de lúcido naquele caminhar.
Dirigia-se para aquele antro de perdições, e só conseguia pensar: que não mais eram minhas as coxas, o fogo, o suor. Sim, ela suava. Quisera que ela tivesse olhado pra trás...

O vi ali, sentado, divagando em suas complexidades. Quis que desistisse da fresta da porta: abrise-a num pontapé, que entortasse as dobradiças e que enfim rompesse o ruído com seu ímpeto de ardor. Nada feito, me limitei a sair pelas portas. Inexorável. Mas não demorei muito, e voltei a sabê-lo por perto.

Ela sentada por ali com umas tantas converssas e abelhas. Fingi não ver, e sorri. Sorri para a vida, como não? Ela também merece esse sorriso.

O meu pulso acelerou e nada pude fazer para que sentisse seu cheiro, nada mais que ficar atenta ao ventilador. Sim, o senti hoje. Principalmente na alma e no pulso. A trilha sonora eram suas batidas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Garçon

Sim, ele me trouxe pra perto. Me aconchegou nos seus olhos e sussurou alguma coisa sobre pinturas antigas. Me levou para lugares que nunca estive e redecorou os que já tinha visitado. Cobrou meus sentimentos, julgou os meus amores, prometeu que entenderia. Enganou o tempo, virou-se pra trás e me trouxe pra perto mais uma vez.
Tirou-me o sussego. Enfetiçou os meus livros e insiste em cruzar os meus melhores momentos. Vestiu-me só com um chapéu e pôs-se a me olhar. É sua voz que canta pra mim antes de dormir, e havia prometido acordar inúmeras vezes.
Fez-me outra, nova, e completa. Mas viciou-me nos teus versos e nos teus teoremas. E hoje lamento viver sem eles, no meu ouvido.
É tudo teu, afinal. Qualquer dia meus olhos hão de te encontrar pela vida, pelas escadas ou corredores e rampas. Me saberá por lá.

C'est jour

Nada que fugisse ao surreal, na verdade.
Não surpreende que meu apelo seja pelas tardes. O sol nascia, a noite caía e nos perdíamos nas gotas de chuva, mas as tardes sempre eram devotas dos pensamentos. Não por menos, naquela tarde, nada cessava os pensamentos de janeiro.
Não se tratando de geração espontânea, porque o tinha respirado naquele dia mais cedo, nada acalmava o desespero do meu pulso, que clamava pelo seu cheiro. Por horas a fio queixei-me da minha insanidade e inconstância, para quem estivesse à disposição da vida. Nada seria mais estranho que lê-lo.
E o fiz. O acaso levou meus dedos a um território conhecido, mas que eu já não consguia respirar.
Reclamei tendo a certeza que havia pedido a conta, mas nunca se sabe. Respostas fugidias, competem.
E no fim do dia eu não sabia mais onde estavam meus olhos escuros, nem onde tinha ficado o resquício de sanidade que o tempo ainda não havia me roubado.
Nunca deixou que se apagasse, não é mesmo? Desejei que te visse, e que me entregasse aos devaneios. Mas não, he's never there.
Meu ímpeto? Tirar-lhe a sanidade e voltar praquelas noites e alvoradas.