Desligou o barulho do vinil. Sentou ao pé da cama, sempre estava em seus olhares. Sacou o violão como quem tira um isqueiro do bolso. Desse jeito mesmo, virou-se pro corpo inerte que se recompunha de sua 'petit mort'. Entoou as cordas como quem dedilha as curvas femininas.
Era uma cena bonita até. Lençois brancos, costas nuas. Valiam-se de poucas roupas de baixo. Olhos cerrados, a chuva ainda fazia o som de fundo. Enfim foi acordando, logo seria a alvorada. Claro que preferiria ficar por ali, surrealidade e realidades paralelas. Faz parte desse impossível de todos os dias.
Com pulso, foi fácil levantar e rancar-lhe das mãos o portal de melodias. Não precisou de muitas palavras pra se fazer entender. Beijou-lhe quente, molhado. Sentiu aqueles lábios como se nunca os tivesse conhecido. Tombou seu corpo, deixou-se cair na cama, denovo. Era nova, inteira, talvez apaixonada.
Deitou-se com ela. E, por um tempo, ficaram em silêncio. Por suspiros, voltaram a falar de pensamentos fugidios e vagos. Era, enfim, hora de ir pra casa. E o primeiro beijo a gente não esquece, nem o primeiro beijo de despedida.
Há quanto tempo foi isso?
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