segunda-feira, 15 de junho de 2009

Prostitutas e amantes

Confesso que depois perdi o prumo. Eu era contra esses momentos em que se paga por sexo. Isso porque acreditava que era inviável gostar de alguém que se vende assim, até o dia que me apaixonei por aquela vagabunda. Sabia que nunca seria digna de meus olhares, presentes e ardores mas suportaria qualquer desfeita por mais uma noite com ela.
Seu vestido rasgado me seduzia quando ela fechava a porta daquele muquifo. Me fazia de homem indiferente, mas a buscava sempre naquele beco. Por vezes cheguei atrasado e ela já tinha se recolhido para outros homens e variados cantos, comôdos. Esses dias eram os mais frustantes.
Queria ceder-lhe minha vida, e arrancar aquela do anel para colocá-la em seu lugar, mas a minha pequenina de olhos mel me impedia de alguma forma. Era uns anos mais nova que meus cabelos quase grisalhos, mas para a profissão era bem mais velha que a média. Não tinha beleza estupenda, mas agradava meu corpo.
Ela não tinha nada de absurdo, mas sentia falta do seu cheiro de cigarro barato, de seu perfume francês falsificado (que havia perdido a validade) e até mesmo do suor seco que delatava suas experiências antes de extraí-la para a cama paga.
De um dia pro outro sumiu, fiquei à míngua e perdi toda a minha dissimulação. Soube meses mais tarde que havia engravidado, e que ninguém sabia do pai. Sabe, acho que aquela noite sem pudores deve tê-la enlouquecido. Ah! Se ela soubesse que eu me entregaria aos seus despudores.
Modou-se, e desde então sou o mesmo medíocre de todos os dias.

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