Procurou a consciência numa lata de lixo. Buscou qualquer coisa de racional pra se pensar: motivos, divagações. Nada que lhe ocorreu foi suficientemente lúcido para trazer-lhe a tona a vontade de viver aquela vida.
Lutava contra o destino traçado há anos. Desejava no seu mais profundo âmago que essa dor não fosse tão alucinante. Tomou o pincel nas mãos e começou a delinear seu luto. Pintou-se de cores fúnebres. A pálpebra coberta por um manto marrom escuro dava espaço para o negro que veio a delimitar-lhe o côncavo. Valeu-se de um amarelo claro para o canto interno e para a base da sobrancelha. Na parte de baixo, colocou um marrom não tão escuro, mas que não transparecia nenhuma felicidade. Escolheu o lápis mais macio e mais negro que encontrou, contornou-se por fora e por dentro. Escolheu a máscara mais densa que tinha, a prova de lágrimas.
Encorporou-se e corporificou-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário