sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aquela

Enoja.
Aquela menina sentada no meio fio, deve ter uns (?) doze anos? Por aí. Não é daquelas que se chama de cinquentinha, mas isso lá é idade de estar insana?
Será que perdeu os pais ou o caminho de casa? Quem sabe a própria casa. Nem está jogada à própria sorte, porque até esta a roubaram dela.
Não se sabe o nome, nem a cutis, posto que o negro do óleo que escorre no asfalto roubou-lhe a cor. Negou-lhe as sardas e nem mais ferrugem sobra pra dizer que fora branca. Ainda não se prostitiu, mas por pouco. Quando o último dente lhe for rancado da boca por ínfimos centavos a única coisa que lhe restará para o pó será o próprio ventre.
Ouviu-se por aí que ela cantava bem, e que declamava poesias nas praças em troca de trocados. Ainda não subiu o morro, mas já arrasta os próprios sonhos. Rogo que sua vida seja breve se assim continuar sendo, se não, que ela tenha piedade de si mesma e resgate a vida. Ao menos, os seus antigos amores.
Talvez não seja tão sem sorte, talvez uma boa alma também rogue por ela, junto comigo.

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